Como havia dito num post anterior vários momentos de minha estadia considerei pitorescos e de certa forma me ajudaram a ver as coisas de uma forma diferente naqueles dias. Não que o transplante tenha sido uma experiência espiritual tanscedental e me mudou completamente. Mas como dizem alguns, se a dor é inevitável, o sofrimento é opcional. E achei que nem doeu tanto assim.
O primeiro raio de luz ... natural.
Pense em você 4 dias sem ver a luz do dia. O sol, a mudança da luminosidade na janela pelo passar das horas. Na UTI não tem nada disso. É luz de lampadas frias que com você deitado quando são acesas incidem diretamente em seu rosto e parece que iluminam até seu útero. OK, estômago, que esse todo mundo tem. E acendem a luz a qualquer hora sempre que precisam dar remédio, medir alguma coisa, trocar alguma coisa ou acudir alguma coisa... digo, alguém. Tudo bem, recém operado a gente não consegue dormir mesmo. Vive de cochilinhos ainda sob efeito da anestesia e sedativos pra eventuais dores.
Fui pro quarto e a médica e a fisioterapeuta disseram que eu precisava andar. Nem precisaram repetir. Depois de 4 dias deitado eu queria fazer uma maratona. Tudo bem que correr com sonda e dreno seria uma corrida de obstáculos, então decidi apenas caminhar e foi então que eu vi ...
... a cena do céu azul, com a planície e as montanhas ao fundo quase me fizeram chorar. Naqueles dias eu chorava até em propaganda de margarina. Mas enfim, foi emocionante ver a cena. O hospital fica na região metropolitana de Curitiba e da vista para a famosa Serra do Mar, região da Mata Atlântica do Paraná. Dá um desconto gente, parece realmente que não tem nada demais, porém pensem. Fazia 4 dias que só via luz de lâmpadas frias. Realmente o efeito da luz do sol sobre o astral das pessoas é crível de estudo. Vocês conhecem um lugar cinza em que as pessoas sejam muito felizes? Eu conheço o contrário.
Eu fiquei na ala das estrelas. Olha que chic.
Gente, eu sou demais. Na verdade não sei por quê colocaram o nome da ala que eu estive de Ala Diva. Sim, DIVA. Vai ver é homenagem a alguma doutora ou colaboradora, ou fundadora do hospital que se chamava Diva. Mas a associação imediata quando falava a ala que estava era outra. Bem outra.

Pra brincar um pouco com essa história, tem um vídeo bem legal da série GLEE que brinca com esse desejo contido que todo mundo tem de ser DIVA por um dia pelo menos. Eu já tive meu dia de DIVA e você?
Diva por Divas, eu prefiro as mais experientes.
A lá Jack Nicholson em Something Gotta Give. #soquenao

Bem-vindo ... DORIVALDO?
Eu ainda me surpreendo com a criatividade dos pais. Pensa aquele menininho lindo, todo fofinho, cheio de vida, quietinho no colo da mãe com o papai do lado quando alguém diz:
- É o Dorivaldinho mais lindo que eu já vi.
Sério que podem existir outros? Meu Deus. O que aconteceu com os Robertos, João Marcelo, Pedro Paulo, Mario (até o Mario), Renato ... Maurício, José. Será que os pais se chamam Doriana e Nivaldo? Já não ajudaria muito mesmo. Ou é homenagem ao avô? Desculpem o sarcasmo com o nome da criança, mas vamos e convenhamos né gente. Uma amiga psicologa pediu o fone da família pra atendimento futuro. Bowlling pronto. Um advogado também. Enfim, que seja muito feliz e tenha saúde.
As vezes no silêncio da noite ... da manhã, da tarde, da madrugada.
Hospital. Lugar de muita energia curativa. Centro de excelências. De dedicação e amor pelo que se faz. Local de tranquilidade, paz e raves todas as noites. Oi...?

Hoje está fazendo um mês e 8 dias do meu transplante duplo. Procurei relatar de forma positiva o que me passou nesses dias de internamento e aqui estão os principais deles. Em nenhum momento pensei em desistir mesmo nem sabendo ao certo pelo que passaria mas acredito que venci. Estou vencendo. Sei de histórias de pessoas com medo e principalmente pra elas que eu acho que escrevi essa minha história dessa forma. Minha médica, extremamente dedicada e competente, havia me dito que seria um período difícil. Eu decidi encarar de frente. Como disse antes, se a dor é inevitável façamos o sofrimento ser opcional. Optei me encher de esperança a cada ligação me chamando para a possibilidade do transplante. Coisa que aconteceu apenas na décima vez. Realmente não acho que sofri. Passei sete meses ligado a uma máquina 3x por semana durante 4 horas e saía dali e ia enfrentar 6 a 8 horas de trabalho no banco. Sei que tem gente nessa rotina ha 5, até 10 anos. Pra elas principalmente passo a minha esperança. E vou continuar escrevendo sobre as cosias boas que farei e faço. Símbolos de que tudo vale a pena. Obrigado por lerem.
Seguem outros links para essa história.
Como e maravilhoso saber que existem pessoas como voce , e o melhor somos amigos !
ResponderExcluirBeijos
Sussu
Meu sobrinho poeta, escritor e cômico.....Tomara que todas as pessoas que estão na fila de espera para um transplante,seja qual for,leiam estas suas linhas e se encham de esperança e coragem ,pois é preciso ter coragem para encarar o desconhecido e que este desconhecido não é nenhum bicho de sete cabeças..Milhões e milhões de abraços e beijo da tia IA, da WAL e da NANDA......
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