sábado, 30 de novembro de 2013

A vitória dos excluídos e a derrota dos mimados.

Olá pessoal. Tarde nublada em Curitiba. Aqui o clima está mais cinza que os 50 tons de E L James, romance sado-mazo que virou best-seller. rs. Ótima oportunidade pra ler um livro, ir ao cinema, ir ao shopping, combinar com amigos de ir tomar um café num lugar bacana ou mesmo visitar um amigo que fez cirurgia e não pode sair pra nenhum desses lugares. ! Aaaahhh ... acho que esse amigo sou eu ... humpf !!!!)

Pra você que acha muito chato fazer as mesmas coisas e enfrentar aquelas filas, ou mesmo não tem um amigo que fez cirurgia pra visitar, ou ainda você fez a cirurgia mas o melhor é não ficar esperando ninguém que não marcou de aparecer, minha dica é sempre um bom filme ou série de TV pra matar o tempo ocioso. Não dá pra ficar contando as nuvens cinzas que passam sobre a sua cabeça.

Não acompanho muitas séries mas gosto de algumas especificamente. Também não sou nenhum critico profissional mas decidi escrever minhas impressões sobre duas séries que acho possuírem uma relação que se assemelha mas que tem resultados e abordagens completamente diferentes sobre temas parecidos. Adoro GLEE, e não sei porquê ainda existe a MALHAÇÃO.


Parece o universo paralelo da mesma temática. Conheci GLEE através de uma amiga, quando a fui visitar em Florianópolis (obrigado Lis). Já tinha ouvido falar mas achava que uma série sobre adolescentes que cantavam literalmente seus problemas me pareceria meio "aborrescente" demais. Ledo engano. Virei fã e passei a acompanhar desde então.

Glee conta a estória de um grupo de jovens mais impopulares e excluídos de um colégio típico americano que buscam através da música terem aceitação como indivíduos e resolver problemas da adolescência através da união entre eles buscando muitas vezes na música, respostas para questão que não ficam só na adolescência. Aceitação, preconceito, primeiro beijo, namorados, separação dos pais, doenças graves, gravides, violência entre outros temas que afetam pessoas de todas as idades são tratados de forma muitas vezes séria e adulta tempo como pano de fundo as apresentações musicais com desfechos emocionantes. Sou um cara sensível mas tem vezes que só se consegue ver o final do episódio com uma boa caixinha de lenços ao lado. E as apresentações musicais não são só pra dar ritmo. Não é apenas um "quem canta seus males espanta". Há uma música sempre perfeita pra ilustrar um momento que estamos passando onde simples palavras não definem o que sentimos. A música ajuda a expressar e a entender o contexto da história e a mensagem que o episódio quer passar onde muitas vezes um simples diálogo não poderia dar toda a carga de emoção que a música conseguiria. Quem nunca terminou com o namorado e de repente ouviu Adele cantando Someone Like You e pensou: essa música foi feita pra mim? Certo episódio tratou o conflito entre irmãos o que rendeu uma belíssima versão de Gotye para Somebody I Used To Know (clique aí e se delicie). E também tem os episódios especiais onde alguns dos maiores cantores da música pop são referenciados. Já foram homenageados Madonna, Britney Spears, Lady Gaga, Steve Wonder, Lionel Ritchie, Whitney Houston e tantos outros. Eles conseguiram colocar um time de futebol americano dançando Single Ladies da Beyonce durante uma partida num vídeo que ficou viral na rede. A série está na 5a temporada e nesses anos, estreou em 2009, tem estourado de audiência nos EUA e ano após ano conseguido vários prêmios dos principais festivais do gênero nos EUA (listinha aqui). Eu só não consigo entender por quê a Globo, que comprou os direitos de exibição, já passou as duas primeiras temporadas após o Jornal da Globo, lá pela 1h da madrugada. É um absurdo. Nos EUA é exibido em horário nobre perto das 21hs pela FOX. Bem, em se tratando de horário nobre da Globo, com Além do Horizonte, Jornal Nacional, Amor a Vida, realmente uma série como Glee seria um peixe fora d´água. Pra não virar uma coisa de fã, beirando fanatismo, consultei alguns sites que pudessem corroborar com meu pensamento e encontrei um, entre vários, com uma opinião um pouco mais "profissa" sobre porquê assistir Glee. Clique aqui e leia.


E no Brasil nós temos? ... M A L H A Ç Ã O !!! Agora me parece em dose dupla, pois o que é essa Além do Horizonte? O programa tem tentado evoluir nesses quase 20 anos de exibição (essa coisa tem tanto tempo assim?). Estreou em 1995, teve seu auge mas acho que se perdeu completamente no tempo. Claro que seu público mudou muito. As próprias transformações tecnológicas nesse últimos 20 anos mudou o comportamento dos jovens e sua forma de se comunicar. Mas isso não foi o abordado muito inteligentemente pela série. O que se viu, na minha opinião, foi uma certa bestialização da juventude. Jovens mimados sendo expostos a situações e comportamentos ridículos com abordagens extremamente superficiais e de péssimo gosto sobre assuntos como preconceito, gravidez, namorados, família e outros, onde acredito mereciam uma abordagem mais centrada. Não precisa ser um divã, afinal a coisa tem que divertir, mas não dá pra acreditar que nossa juventude esteja tão alienada assim. Ou estou errado?  E a cada temporada as críticas aumentam (veja aqui algumas). A Globo usou muito o Malhação como  laboratório de atores e alguns até tiveram um certo sucesso ingressando nas grade de novelas da toda poderosa. Acho que Caio Castro é o maior expoente. Mas a temática também é muito local para um programa de rede nacional. É carioquice demais, com sotaque demais. Nada contra gente. Amo o Rio e os cariocas. Meu porém aqui é exclusivamente ao programa. Temporada após temporada voltam ás redes sociais a questão do fracasso e quando a série vai acabar. Pois parece que há tempos voa bem baixo de audiência. Tamanho o desespero se vê até no intervalo de Amor a Vida, inserções divulgando a trama adolescente (pelo Amor de Deus, assistam Malhação). Nos últimos anos atores renomados foram inseridos na novelinha pra tentar dar mais credibilidade ás atuações. Desculpem crianças, mas ter Malhação no currículo já não ajuda muito.

Enfim, talvez alguns jovens me persigam na rua. Outros façam coro ao que penso. Mas "eu acho que é" isso. Eu poderia, embuído de toda a minha humildade dar um conselho gratuito á Globo. Já deu né!! Deixa o Jô dormir mais cedo e coloca Glee no lugar de Malhação. Pega essa turma e coloca metade no TV Globinho no lugar dos Encontros da Fátima. Casada com o William Bonner e mãe de três filhos ela tem muito mais potencial do que apresentar aquelas atrações musicais horríveis que vão no programa dela.

2 comentários:

  1. Meu amigo,
    Juro que não é esnobismo da minha parte , mas a anos parei de ver a tv brasileira! Fiquei com aquele sentimento de perda depois que Odete Roitmann morreu!
    bjs

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  2. Renato! excelente post! legal sua reflexão.... eu nunca acompanhei malhação - mas sei como é o roteiro de certa forma - e só assisti mesmo alguns episódios da primeira temporada de GLEE ( mas volta e meia assisto o numerosmusicas que circulam na net)
    beijao

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