quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Um conto de amor - Parte 2



Muitas luas cruzaram a noite daquelas terras. E muitas folhas cansadas, caíram ao chão sem sua vitalidade de costume, cobrindo a estrada de um tom melancólico. E ainda assim a princesa andava pela estrada da saudade na esperança de ter notícias daquele que levou parte de seu coração para as longínquas terras ocidentais. O Sol que outrora enchia de brilho o céu azul agora desvanecia sua luz pálida sobre parques, torres, pastagens, colinas, montanhas e um coração vazio.
O tempo, senhor das ilusões, não curava mais aquela ferida.
Para passar o tempo, a jovem se embrenhava na biblioteca real coletando toda a informação que podia sobre as terras além das pradarias e do grande rio. Mas sem exatidão, só podia imaginar qual delas seria a morada de seu viajante amado. Por que não perguntou de onde era? Como se fazia para chegar àquele lugar? Não. Acabou apenas se encantando com a doçura das palavras. A virilidade do caminhar. E o sorriso terno daquele estranho. E seus dias ficavam cada vez mais longos e o brilho de seu olhar cada vez mais opaco.
Numa manhã fria de outono, a princesa não quis levantar-se. Olhar a estrada vazia não lhe acalentava mais a esperança.  E lá fora toda a vida caminhava lenta com o ritmo do inverno que se aproximava. E o silêncio era o grito mais forte que se ouvia pelos corredores do castelo.  Silêncio este que certa tarde foi interrompido pelos acordes vindos das torres da vigia.
Os guardas se agitaram. O rei foi chamado. A princesa despertou.
Ao longe, no céu se via uma figura alada, branca de bico negro, gritando. E parecia carregar um objeto que brilhava á luz do Sol.  Demorou para identificarem. Era uma ave que ninguém conhecia ali. Mas estava paramentada como uma ave só poderia pertencer a alguém importante. Passou a dar rasantes sobre o pátio interno do palácio. Mas sem pousar. E continuava a piar incansavelmente. Guardas e arqueiros tentaram  atingi-la. Mas nenhum conseguiu.
Mas quando a princesa entrou no pátio, inexplicavelmente a ave parou de chamar. Pousou e se aproximou da princesa. Com pequenos chiados, saltou e pousou no braço da princesa. O rei ficou alarmado mas a princesa o acalmou. Mas então foi ela quem ficou agitada. Pois viu preso numa das garras da ave, o broche que outrora entregara ao viajante. Porém, agora com um brilho fosco. Com lágrimas em seu rosto, pegou o broche e viu um bilhete e um brasão junto a ele.
“Que minha ave real encontre a dona deste broche e que ela possa fazê-lo brilhar novamente. Só que ao meu lado. Pois meu coração a espera. Venha para a cidade de Khager”.

Para saber como essa história começou, acesse AQUI o primeiro capítulo.

Um comentário:

  1. Tão delicado conto só pode ser escrito por um coração delicado e muito forte! Capaz de amar pelo tempo e no tempo abrigar o amor!
    Lindo, absolutamente, lindo!
    Bjs

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