Muitas luas
cruzaram a noite daquelas terras. E muitas folhas cansadas, caíram ao chão sem
sua vitalidade de costume, cobrindo a estrada de um tom melancólico. E ainda
assim a princesa andava pela estrada da saudade na esperança de ter notícias
daquele que levou parte de seu coração para as longínquas terras ocidentais. O
Sol que outrora enchia de brilho o céu azul agora desvanecia sua luz pálida
sobre parques, torres, pastagens, colinas, montanhas e um coração vazio.
O tempo,
senhor das ilusões, não curava mais aquela ferida.
Para passar
o tempo, a jovem se embrenhava na biblioteca real coletando toda a informação
que podia sobre as terras além das pradarias e do grande rio. Mas sem exatidão,
só podia imaginar qual delas seria a morada de seu viajante amado. Por que não
perguntou de onde era? Como se fazia para chegar àquele lugar? Não. Acabou
apenas se encantando com a doçura das palavras. A virilidade do caminhar. E o
sorriso terno daquele estranho. E seus dias ficavam cada vez mais longos e o
brilho de seu olhar cada vez mais opaco.
Numa manhã
fria de outono, a princesa não quis levantar-se. Olhar a estrada vazia não lhe
acalentava mais a esperança. E lá fora
toda a vida caminhava lenta com o ritmo do inverno que se aproximava. E o
silêncio era o grito mais forte que se ouvia pelos corredores do castelo. Silêncio este que certa tarde foi
interrompido pelos acordes vindos das torres da vigia.
Ao longe, no
céu se via uma figura alada, branca de bico negro, gritando. E parecia
carregar um objeto que brilhava á luz do Sol.
Demorou para identificarem. Era uma ave que ninguém conhecia ali. Mas
estava paramentada como uma ave só poderia pertencer a alguém importante.
Passou a dar rasantes sobre o pátio interno do palácio. Mas sem pousar. E
continuava a piar incansavelmente. Guardas e arqueiros tentaram atingi-la. Mas nenhum conseguiu.
Mas quando a
princesa entrou no pátio, inexplicavelmente a ave parou de chamar. Pousou e se
aproximou da princesa. Com pequenos chiados, saltou e pousou no braço da
princesa. O rei ficou alarmado mas a princesa o acalmou. Mas então foi ela quem
ficou agitada. Pois viu preso numa das garras da ave, o broche que outrora
entregara ao viajante. Porém, agora com um brilho fosco. Com lágrimas em seu
rosto, pegou o broche e viu um bilhete e um brasão junto a ele.
“Que minha
ave real encontre a dona deste broche e que ela possa fazê-lo brilhar
novamente. Só que ao meu lado. Pois meu coração a espera. Venha para a cidade
de Khager”.
Para saber como essa história começou, acesse AQUI o primeiro capítulo.
Tão delicado conto só pode ser escrito por um coração delicado e muito forte! Capaz de amar pelo tempo e no tempo abrigar o amor!
ResponderExcluirLindo, absolutamente, lindo!
Bjs