domingo, 13 de outubro de 2013

A dúvida de Arhun

As horas se passaram mais rápidas naquela manhã e logo o sol se aprumava ao céu azul diminuindo as sombras que agora se escondiam sob os pés daqueles que corriam para o pátio central do palácio. A notícia que uma ave estranha tinha sido vista carregando o broche real tinha se espalhado rápido e muitos tentaram chegam aos jardins próximos ao pátio central para saber o que fosse possível.

O rei Arhun pediu um reforço da guarda imperial para impedir um tumulto desorganizado que machucasse os curiosos mas para também preservar, dentro do possível, a própria integridade da princesa. Ela mesma sem muita noção do que acontecia ao redor apenas focada numa palavra: Khager.

Ela interpelou vários conselheiros que para ali haviam corrido mas nenhum se mostrou conhecedor daquele possível destino. Onde ficava Khager? Como se chegava lá? Seria tão distante? Quantas luas de viagem para se alcançar esse destino?

Uma das grandes aflições que tomam nosso coração é a possibilidade da descoberta de um amor mas a dificuldade de estar perto dele e vivencia-lo. O amor arrebatador é aquele que nos embriaga com a força da vida, que transborda por nossa existência. Temos o desejo de sair gritando aos quatro ventos o que estamos sentindo e a necessidade magnética de nos unir ao ser amado o mais depressa e pelo maior tempo possível. Somos tomados pelo cuidado para com o outro. Queremos saber se está bem. Se se alimenta devidamente. Se está trajado de acordo para o clima e até se olha os dois lados para atravessar uma alameda. Da grandiosidade ás coisas mais simples o amor preenche todas as lacunas da existência de uma pessoa. Mas para nossa princesa essas lacunas ainda eram grandes espaços vazios incertos. Ninguém demonstrava saber onde ficava Khager.

O rei Arhun se mostrou reticente. Não queria que sua filha se embrenhasse numa aventura para um local desconhecido em busca de um amor que mal podia ser correspondido. Quão distante seria aquele lugar? Quantas luas de viagem aquela ave teria passado até chegar à Kawtiby?

Mas nesse momento percebeu que o brilho da safira do broche que a princesa havia dado ao estrando e que agora voltava com a ave mensageira, perdia o brilho gradativamente quando se falava da impossibilidade de unir os amantes.

E o dias se passaram. E o céu começou a ficar mais nublado que o de costume. As águas já não desciam tão tranquilas das montanhas acima de Kawtiby. E a princesa se desvanecia na tristeza em saber que seu amado a esperava mas não tinha o conhecimento nem a permissão do pai para encontra-lo.

Certa tarde, Arhun foi ter com sua filha e tocado pela tristeza da filha e intrigado com os acontecimentos estranhos que começavam a assolar a cidade ele decidiu então buscar ajuda de alguém que talvez pudesse saber onde ficava Khager e por quê o clima da cidade estava tão estranho e o broche estava perdendo seu brilho.

A muito tempo, do outro lado das montanhas, onde o mar encontra as praias brancas, diz-se viver os anciões de Alkalimar. Segundo as lendas eles podem saber de todas as coisas que aconteceram, que acontecem e podem acontecer. Era uma viagem cansativa mas não muito demorada. A princesa se animou e agradeceu ao pai. No entanto este disse que não deixaria a filha ir sozinha atravessar as montanhas. Dois dias depois uma caravana estava pronta para cruzar as montanhas e encontrar os anciões. Movido pelo desejo do conhecimento mas também de proteger a filha, Arhun chefiaria a caravana. Kawtiby ficaria sob os cuidados de Palateias, a rainha. O broche voltou  brilhar um pouco.

Capitulo 01, capitulo 02.

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