segunda-feira, 26 de maio de 2014

Prepare o seu coração ...



Sabe aqueles sentimentos melancólicos que você tem quando escute uma canção e te faz lembrar de um passado gostoso que te remete a coisas boas? Isso é vivência. Agora, quando você ouve uma música que te faz lembrar de um passado que você não viveu, isso só pode ser canção que toca sua alma. E isso experimentei noite passada. 

Zapeando a TV resolvi ver o programa Altas Horas onde seria feito uma homenagem a Jair Rodrigues através de seus filhos, Luciana Melo e Jairzinho. Tinha umas séries pra ver mas não estava afim e a proposta do programa me chamou a atenção. 

Sou um cara que vivenciou com atenção e entusiasmo os anos 80 onde passava pela adolescência e bebia com certa sede as influências das décadas anteriores. A ditadura agonizava mas a efervescência cultural era grande principalmente da MPB de Caetano e Gil, de Elis Regina e Jair Rodrigues.

E em cada bloco do programa um artista com alguma ligação com Jair Rodrigues fazia um dueto com seus filhos; primeiro Daniela Mercury  com Upa Neguinho; Roberta Miranda com o inesquecível A Majestade o Sabiá; Rappin Hood com Deixa Isso pra Lá que é tido como o primeiro Rap brasileiro; mas foi na última apresentação que minha alma dançou: Pedro Mariano, filho de Elis, cantou Disparada com os filhos de Jair (clique para ver o video).

Campeã do Festival de 1966, junto com A Banda de Chico Buarque, Disparada de Geraldo Vandré (Pra Não Dizer Que Não Falei das Flores) e Theo de Barros, foi interpretada magnificamente por Jair Rodrigues se tornando quase um hino pra juventude da época. No ano anterior Elis ganhou com Arrastão de Edu Lobo e Vinícius de Moraes. Surgia nessa época uma longa amizade entre os dois que se tornou lendária até os dias de hoje.

Ao ver aquela interpretação dos filhos dessas duas lendas, voltei ao tempo que não vivi daqueles festivais, das canções inesquecíveis, do tempo que cantar também era lutar por liberdade, existia uma simplicidade toda conceituada com nossos sentimentos. Não era coisa pra durar só um verão, era para atravessar o tempo até os dias de hoje. Também voltei a minha adolescência em que via a série Malu Mulher com Regina Duarte e a Narjara Turetta onde na trilha tinha a canção O Bêbado e o Equilibrista cantado por Elis, que eu adorava ouvir (pensa num adolescente que gostava de Elis e do ABBA que é que não ia dar... rs). Isso são coisas que não se perdem e são tão mágicos que se recriam na nossa mente, na nossa história.  Eu sempre digo que é mais fácil lembrar de um sucesso de 20, 40 anos do que do pseudo-sucesso do último verão.

Saudades daqueles tempos que não vivi mas a mágica da história me faz recordar. Gente que cantava com alma, gente que cantava pra alma. E como a alma é eterna, essa gente e essas canções hão de ser também. Prepare o seu coração.

4 comentários:

  1. Que texto delicioso!!! Fico com aquela boa sensação das coisas que eu vivi nos anos 80 e 90... vez ou outra bate essa "saudade" pelas experiências vividas e das pessoas que compartilharam aqueles momentos!
    Não pude assistir o programa e estou deliciando o vídeo que compartilhou... fico agradecido por isso!
    Só tenho uma coisa a contestar: eu consegui curtir "ELIS" e "ABBA" na mesma epoca e fui influenciado por ambos estilos...se é que isso seja possível! kkkkkkkkkkkkkkkkkk
    Grande abraço e mais uma vez obrigado por compartilhar!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Tem coisas boas hoje em dia. Raras é verdade. Por isso acho que nossa geração foi abençoada por vivenciar tanta coisa boa no passado e que nos permite beber da fonte sem saudosismo, mas como uma referência da nossa própria evolução. Eno programa mostraram uma foto da Elis com o filho pequenino no colo. Super legal.

      Excluir
  2. que texto inspirado Renato! adorei! eu tb me lembro como se fosse ontem como fiquei estupefato quando a Elis morreu! Eu vi o link do video que postou e adorei! obrigado por compartilhar!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. E a gente não viaja junto com coisas que nos lembram algo bom do passado? Que bom que gostou.

      Excluir