terça-feira, 24 de setembro de 2013

Ele se foi ... mas já tinha ido!!

Casei .... é, um dia eu casei. O que parece surpresa pra algumas pessoas me foi uma realidade feliz. Mas não duradoura.
Não vou dizer que não deu certo, mas porque na verdade deu certo por quase 10 anos. Mas talvez tanta energia gasta por tanto tempo não sobrou reserva pra fazer render por mais 10, 15, 20 anos. Até porque a fonte é mantida por duas baterias. Não só uma.
Fui feliz por conseguir fazer alguém feliz por um bom tempo. Criamos nossa forma de amar, conquistamos algumas coisas. Perdemos também  mas enquanto havia amor até isso era divertido. Ah, e quando fomos comprar colchão então. Isso era divertido também. A cara de paisagem da vendedora demonstrando colchão de casal pra dois homens era impagável. Outra possibilidade prática era o guarda-roupa. Como usávamos quase o mesmo número por vezes vestíamos as camisas um do outro.
Jantares com amigos; viagens; idas ao cinema; almoços em família. Tínhamos tudo o que um casal "normal" tinha. Até as brigas.
Logo o distanciamento começou. Talvez trazido por uma mudança de foco em ambas as vidas e que não foi muito bem comunicada ou entendida por ambas as partes. A alma dele estava indo embora, e eu ainda querendo segurar o corpo.
Eu era feliz. Ou fingia ser. Entendam, quando amamos, passamos por cima de muita coisa. E deixamos de ver o que está logo a nossa frente, cantando e pulando e pintado de ouro. Mas a vida seguia e o fato de ter ele dormindo em casa já era um motivo de alegria. Não que ele vivesse não dormindo. Mas quando a distancia é eminente e as palavras passam a ser vazias, a gente acaba acatando a falsa presença como presente.
Tentei todos os canais de comunicação. Sério, sou do tipo que adora uma D.R. se for pra arrumar a bagunça. Mas claro, o outro lado já não achava isso e acreditava que se ficasse 3 dias em silêncio e depois falasse algo como se nada estivesse acontecido isso já estaria bom. Mas claro que pra um sagitariano que adora tudo bem as claras isso já não era mais possível.
Um dia ele chegou e disse que não podia mais viver comigo, que não tinha mágoa, mas ia embora e não queria discutir. Falei que como ele podia ir embora depois de quase 10 anos juntos sem ao menos dizer o por quê? Ele simplesmente virou e partiu. Apesar de ainda acreditar (sagitarianos são otimistas ... e cegos) e assim ainda conseguir ser apaixonado por ele, percebi que aquele homem o qual amei por 10 anos, não seria mais possível me fazer feliz. E deixei seu corpo ir embora, pois sua alma já estava longe a muito tempo.
Como a gente as vezes prefere engolir a angústia e ficar meio quieto no próprio buraco, não demorou muito pra eu ter uma crise e parar uma semana no hospital por conta de descompensação da diabetes (sim, sou um doce de pessoa). Aliado a isso a descoberta de que o então agora EX estava namorando com um jovem de quase 20 anos mais novo que ele acabou selando a ponte do distanciamento.

Escrever sobre isso depois de quase 3 anos do fim é quase uma catarse. Entender que há fantasmas em nossas vidas que aparecerão de vez em quando é criar um jeito de tocar a vida mesmo apesar das cicatrizes. As vezes elas vão doer num dia de chuva mas significarão apenas um aprendizado que tem que nos fazer melhor.
Isso tudo está superado e deixado no passado, mas faz parte das lembranças de minha história. Já me apaixonei de novo, já me ferrei de novo e agora travo outras lutas que me fazem dar importância a coisas mais profundas na vida. Quem ama sempre sofrerá um pouquinho. As expectativas que criamos geralmente são dores nossas mesmas. Hoje é o dia de ser feliz. E descobrir que isso depende só da gente. Não de outra pessoa.

Obrigado por ler.

13 comentários:

  1. Querido, que lindo texto, acho que pode ser mesmo o começo de uma catarse! tão necessária!
    e esta coisa de sagitariano! é tão forte que até assusta não é? abração!

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    1. Difícil é fugir de nossa essência meu querido. Mas as experiências devem servir para uma nova consciência do que somos. Bj grande e obrigado.

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  2. Oi, Renato (desculpe pela invasão!). Posso falar a partir da minha experiência, apenas sobre a primeira parte, quer dizer, sobre o relacionamento afetivo e o fim dele (ainda que em proporções bem menores). Tive 3 relacionamentos e cada um deles durou aproximadamente 3 anos (no total, 9 anos seguidos). Enquanto dois primeiros terminaram em forma de uma conclusão lógica, tipo um acordo entre os dois, o terceiro me deixou traumatizado, de certa forma, até hoje. Por um ano depois daquele fim, cultivei a expectativa de um retorno, depois me entreguei à busca imprudente de candidatos (via internet), o que quase virou uma tragédia... Enfim. Estou há 6 anos solteiro, hoje sou amigo de cada um dos meus 3 "ex", principalmente do último (provavelmente consegui moldar o meu amor por ele dessa maneira)... Quanto ao futuro, acredito que, de alguma forma, quem já foi abandonado, precisa tentar se abrir a novas formas e expressões e não esperar que o próximo relacionamento reproduza o antigo (pode ser que eu esteja falando bobagens, mas é assim que imagino as minhas tentativas, caso apareça alguém no meu caminho). Grande abraço!

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    1. ficar amigo do ex é uma arte! quem me dera!

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    2. Eu achava que a ordem natural das coisas depois de conviver tanto tempo com alguem, seria transformar o amor em amizade. Mas essa possibilidade me foi vetada pois a outra parte certa vez me disse que só tinha por mim era respeito (se bem que isso vindo dele toma um significado todo diferente, ou significado algum).

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  3. Aqui cheguei por indicação de um amigo comum tb blogueiro. Viajei deliciosamente por aqui em suas emoções e sentimentos compartilhados ... seguindo e linkando ...

    Beijo grande

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  4. Paulo, obrigado. Seja bem-vindo. Transformar certos sentimentos em palavras é dificil mas ajuda a reencontrar um caminho que em determinado momento achamos que não existe mais.

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  5. Sensibilidade na dose certa para assunto tão doloroso!
    Chego aqui guiado e aqui fico compartilhando!

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  6. Fiquei triste e depois me alegrei com seu texto!
    Triste pela separação, mesmo sendo "águas passadas", reviver tudo isso traz um dorzinha. No meu caso estou firme e forte com meu "Meloso" há 11 anos, caminhando para os 12... nem imagino como seria se nos separássemos!
    E por fim me alegrei por ver sua retomada à felicidade!
    Desejo sucessos na nova empreitada!
    Apesar de tudo a vida é bela!! rsrsrsrsrss
    Invadi seu blog, gostei e vou te seguir convidando-o a visitar o meu!
    Grande abraço!!

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  7. Gente, como alguém pode sair da vida de outros assim se dar satisfação?

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  8. Dificil imaginar Foxx, criei muitas teorias mas só cheguei a conclusão de que não pode ser um comportamento normal. Enfim.

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  9. oi renato, vim visitar seu espaço após ler a postagem do 'homem, homossexual e pai'. infelizmente algumas coisas não são pra ser. eu vivi uma história parecida, não casei mas cheguei a noivar. o que eu penso hoje em dia é como alguém pode ser tão importante pra gente um dia e depois desaparecer no dia seguinte. mas gostei do modo como você terminou o texto. é por aí mesmo. só depende da gente ser feliz.
    abraços!

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    1. Seja bem-vindo Railer. A gente não começa nada pensando no fim. E tem finais que realmente não escolhemos. Hoje entendo que mais que aceitar o fim, é tentar fazer um novo "continuar" para ser feliz. Abração.

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