quarta-feira, 25 de setembro de 2013

Todo mundo tem uma estrada no coração chamada Saudade.

A muito tempo atrás, num reino distante e desconhecido, mas próximo às montanhas do nascente, vivia uma bela e destemida princesa. Bela, de coração nobre, justo mas também inquieto, que vivia a explorar as cercanias de sua cidade em busca de conhecimento e de alguma coisa que lhe apartasse as aflições do coração.
Sua cidade era majestosa. Encravada entre as montanhas ficava protegida dos ventos fortes que vinham do mar, mas também escondida da planície que se perdia na visão para o oeste. O orvalho das manhãs se misturavam aos regatos das montanhas em volta, adornando os entornos da cidadela com abundância de cachoeiras que quase sempre reproduziam belos arco-íris que cintilavam pelas torres mais altas. A vegetação crescia e floria pelas alamedas da cidade e pelos jardins ainda se viam em abundância, aves e outros pequenos animais que pouco eram importunados pelos habitantes.
Numa bela tarde ensolarada, em que a névoa começava a descer das montanhas pintando os campos de prata, deparou-se com um viajante do oeste. De ar cansado, porém belo e altivo, notando-se ser de terras longínquas, a princesa, sem se identificar, ajudou o viajante a retomar o caminho certo rumo ao oeste, acompanhando-o pelo inicio da estrada.
O homem falava pouco de si. Alto, de constituição forte, tinha a pele clara mas levemente bronzeada nos braços e rosto. Fruto do tempo de caminhada, vindo ele de tão longe que imaginava ter vindo. Era forte mas não tão musculoso como os guerreiros de sua cidade. Falava suavemente mas tinha uma firmeza na voz. Logo a princesa percebeu que não era um homem simples, um homem do povo. E continuou a acompanha-lo.
As afinidades da conversa foram encantando a princesa, e instigando o viajante.
E quem era ela? Ele perguntou a seus próprios pensamentos. De pele clara, bem vestida e de cabelos como o sol, era simpática, de fala requintada e e estremamente educada e prestativa.
Ele falava de sua viagem. E da sorte de ter se perdido e encontrado tão bela dama. Ela questionava dos perigos que ele podia ter enfrentado, mas que estava feliz de te-lo encontrado naquela tarde.
Após uma caminhada longa que levou ao cair da noite, a princesa percebeu que não eram só as histórias do viajante que aplacaram a inquietude de seu coração. Era toda a lisura do viajante, sua bondade e paixão pelas coisas boas do mundo que a conquistaram.
Mas ela precisava voltar ao palácio. Ele, tinha que prosseguir a viagem à sua terra natal!
Com o coração aflito, despediu-se do viajante que com o semblante triste, também hesitou em prosseguir sem aquela que para ele naquele momento queria que fosse o eterno destino de sua caminhada.
Como símbolo de carinho eterno, a princesa entregou ao viajante um broche, que na sua terra representava sua casa real, mas que o viajante não imaginava o que era.
Antes de dar meia volta e deixar o viajante, disse-lhe que se seu coração por ela voltasse a chamar, era por meio daquele presente que a iria encontrar.
Beijou-lhe os lábios e com os olhos marejados partiu em regresso aos jardins e salões de seu castelo deixando o viajante com o coração dividido entre a necessidade do retorno e o desejo de ficar.
E por muitas luas a princesa voltava a caminhar pelo inicio daquela estrada com esperanças de ter notícias do viajante. Em vão. E até os dias de hoje todos que passam pela aquela estrada a chamam de a Estrada da Saudade.





Esse conto continuará na próxima quarta. O amor as vezes acontece nas horas improváveis. E nos traz desafios. Será que estamos sempre preparados para ele?

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